quinta-feira, 22 de abril de 2010

o TEMPO...

22 de abril...

44 dias paizando e tantas outras coisas a mais. Aliás essas tantas outras coisas a mais tem me afastado daqui. Não tenho conseguido TEMPO para registrar as aventuras do meu ato de paizar. Elas estão acontecendo, acredite! Pois eu tenho acontecido junto com elas.

Estamos na fase final da reforma de nosso novo reino familiar. Muito TEMPO investido nisso. Estou certo que teremos um longo TEMPO de alegria e curtição em nossa nova casa. Cada detalhe que preparo na casa, fico imaginando o TEMPO passando e levando consigo cada fase do crescimento da Sofia.

Fico espantado em ver como o TEMPO muda quando se começa a paizar.
Agora divido o tempo em períodos de 3 horas.
o dia começa com o TEMPO do banho de sol.
o TEMPO fica bom quando ela dorme, sorrir, come.
o TEMPO fecha quando ela abre o choro.
o TEMPO dela está sendo construído, o meu reiventado.

o TEMPO não nos espera, mas esperamos o TEMPO todo aprroveitar cada momento.
Portanto, não deixe o TEMPO passar, mas faça o TEMPO acontecer.

Falando em TEMPO... agora são quase 11 da noite. Vou dormir antes que o TEMPO do choro comece.

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segunda-feira, 22 de março de 2010

CUIDADO! Frágil.

Já viu aquelas caixas marcadas com um adesivo ou pintura escrito: "CUIDADO! FRÁGIL"
Os bebês deveriam ter aquela marca também -kkkkk.
A fragilidade da pequena Sofia me espanta. A pele, o tamanho, o choro, os movimentos descordenados, a visão não definida... tudo isso revela a extrema necessidade de proteção e cuidado. E sabe onde ela vai procurar isso: papai e mamãe.
A realidade da fragilidade da Sofia nos desafia a sermos fortes e seguros. É muito legal ver o instinto paternal protando de forma mística.
Sou pai. Ela é filha.
Sou doador. Ela é carente.
Sou provedor. Ela é necessitada.
Sou protetor. Ela é frágil.
Sou interrogação. Ela exclamação.

Outra placa que deveria ter na Sofia seria: "Este lado para Cima" - kkkk
Isto principalmente depois de amamentar.
Ficamos todos receiosos com alguns barulhos depois deste momento.
Queremos que se alimente bem e adequadamente;
Queremos que não sinta frio ou calor;
Queremos que ficque confortável;
Queremos que a dor passe longe;
Queremos que esteja sempre limpinha;
Queremos que se sinta segura;
Queremos amá-la de uma forma que não sabemos ainda.
Queremos ter certeza que saberemos o que fazer quando tudo isso que não queremos acontecer.

Não há outro jeito de lidar com a fragilidade, a não ser sendo frágis junto com ela para então sermos sensíveis ao que, de fato, ela quer e precisa.

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sexta-feira, 19 de março de 2010

A ilusão da mão

Temos tentado estabelecer um ritmo de amamentação a cada 3h para Sofia.
A cada 3h, a Sofia inicia uma mamada que dura, em média, 30 minutos. Depois da mamada, trocamos a fralda, se necessário ( o que acontece na maioria das vezes) e então colocamos para dormir (o que nem sempre ocorre com facilidade). Isso significa que nosso tempo de intervalo real é algo em torno de 2h.
Pensou que era moleza? É igual a rapadura: é doce, mas não é mole - kkkkkkk.
Eu e Samira estamos revezando alguns ações e horários, mas não tem como a Samira revezar a amamentação. Isso é privilégio exclusivo dela. O resto, eu domino. Bom, pelo menos Sofia não tem reclamado nada até agora - kkkkkkkkkkkk.

Sempre que levo a Sofia para mamar, ajudo a Samira a acomodar a Sofia na almofada de amamentar (que segunda a Samira, é maravilhosa) e na posição dela junto ao corpo da Samira. Em algumas vezes a Sofia fica tão faminta que quando eu a pego no berço ela já está sugando a mão, tentando tirar algo de lá. Ela fica tão anciosa em matar a fome que mesmo diante do peito, ja deitada na almofada, ela continua sugando a mão. Tanto que, por vezes, eu e Samira temos que tirar a mão da boca dela e voltar a atenção para o peito.
Nos perguntamos: "Por que sugar a mão se você tem um peito cheio de leite?"
Ingênua Sofia... tão fixada na ilusão da mão que não é capaz de perceber a realidade do peito.

Esta cena me fez pensar em algumas atitudes minhas diante de Deus.
Quantas vezes me iludi com distrações estando diante de presentes divinos...
Quantas vezes me envolvi com réplicas deixando de lado bençãos originais...
Quantas vezes preferi migalhas, repudiando benefícios inteiros...
Ingênuo Jones... (Ingênuo ou vacilão?) Tão fixado na ilusão do que poderia prover que não fui capaz de perceber a realidade divina.

Obrigado filha, por me fazer, ingenuamente, lembrar dos meus vacilos e assim fortalecer minha preferência pelo que somente Deus pode prover.
Pra que se contentar com uma mão quando se pode ter o peito?

Prefira o peito filha, sempre...

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terça-feira, 16 de março de 2010

DE PRIMEIRA

Uma Semana... Que Semana!

Minha primeira filha já tem uma semana.
Em sua primeira semana, estive livre de tudo para dedicar tudo para Sofia e Samira.

A primeira semana de vida... eu estava lá!
O primeiro banho... eu estava lá!
O primeiro soluço... eu estava lá!
O primeiro banho de sol... eu estava lá!
A primeira manha (dengo)... es estava lá!
O primeiro número 2 dentro da banheira... eu estava lá!
O primeiro jato de número 2 em alguém (eu)... eu estava lá!
O primeiro bico... eu estava lá!
A primeira noite no berço... eu estava lá!
O primeiro corte de unha... eu estava lá!
O primeiro exame de sangue... eu estava lá!
A primeira vacina... eu estava lá!
O primeiro passeio de carro... eu estava lá!
O primeiro choro... eu estava lá!
O primeiro parabéns (cantado por mim e Samira ontem a noite)... eu estava lá!

Nada e ninguém pode arrancar de mim o encanto de viver cada momento destas primícias.
Cada uma dessas ações se repetirão, mas a primeira nunca mais.
A primeira é única, é exclusiva. Dela derivam as outras. As outras são repetições, continuidade de algo que começou em um dado momento. Neste momento, eu estava lá... encantado!
Este encanto é exclusividade minha, pois ela não vai lembrar, mas eu vou.

Minha presença constante nessa primeira semana de vida da Sofia, me faz lembrar a presença constante de Deus em nossas vidas, com uma diferença: Eu sou limitado em presença, mas Deus não.
A medida em que Sofia crescer e for tomando consciência dos momentos comigo, quero imprimir uma marca tal que ela almeje o próximo momento. Quero fazer de cada momento, o primeiro. Com todo o encanto e celebração.
Como filho, estou almejando o próximo momento com Deus?
Quero aprender com Deus que faz em cada encontro, algo novo, algo encantador.

- Senhor, me ajuda a ser um filho que almeja te encontrar. Quero me encantar com tua presença como na primeira vez, pois só assim conseguirei ser um pai de primeira.

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sábado, 13 de março de 2010

Benefícios da Dependência

Todos nós sonhamos com independências.
Paizando desde segunda-feira (8.março) tenho percebido a extrema necessidade da Sofia para tudo o que é vital para ela. Não sei se ela já sonha com independência, mas me parece que ela estar curtindo os benefícios da dependência. Ele depende que supramos suas necessidades e nós, cada vez mais, temos enorme prazer nessa relação de doação.
Deveria me comportar como a Sofia na minha relação com Deus: curtir os benefícios da dependência. Insisto em querer me suprir quando não sou (e nunca serei) habilitado para isso.

Nada paupável vem dela pra mim, mas me sinto absolutamente satisfeito em nossa relação.
Ela não tem como me dar coisa alguma, mas se dar por inteiro, se entrega por inteiro. Essa entrega, inconsciente, gera em mim sensações, propósitos, atitudes e perspectivas que nunca teria numa relação fundamentada na vantagem.

Sofia depende do Jones. Sofia depende da Samira. Sofia é dependente.
Jones depende da Sofia. Jones depende da Samira. Jones é dependente.
Samira depende da Sofia. Samira depende do Jones. Samira é dependente.
Me lembro da música que aprendi quando criança (que ainda não ensinei para Sofia):

"eu preciso de você
você precida de mim
nós precisamos de Cristo
até o fim.
sem cessar, sem parar, sem vacilar
sem tremer, sem chorar"

Sofia ainda não aprendeu a música, mas já me ensinou a letra.

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sexta-feira, 12 de março de 2010

comunicAÇÃO

buá
buaaaaaá
buaaaaaaaaaaaaaaá
buaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaá
buuuuuuuuuaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaá

ops... acho que confundi o idioma. É que estou imerso no estudo intensivo de uma nova língua. Ela é marcada pela presença de poucos símbolos, mas com variações de estilo e intensidade. É impossível separar sílabas e interpretá-las requer um contexto.
O choro da Sofia nos coloca em alerta. Nos faz buscar as interpretações corretas através de outros indicativos:
choro + fralda suja = troque minha fralda por favor;
choro + mão na boca = tou com fome;
choro + careta com força = licença, estou fazendo número 2.

O poder de comunicação da Sofia é limitado, mas rapidamente vai estabelecendo comigo e Samira uma via ilimitada de entendimento.
Somos seus intérpretes.
Me sinto capaz de aprender, me vejo com desejo de entendê-la em todas as dimensões, por isso não quero perder nada. Cada novo movimento, cada novo som, cada novo olhar vão, sozinhos e em conjunto, elaborando novas expressões da minha pequena Sofia que deseja dizer: "estou por aqui."
Quero estar sempre presente minha filha. Me esforçarei para não perder nenhuma parte dos seus sinais de comunicação em cada fase de sua existência. Tenho entendido que para entender o próximo sinal, terei que dominar o atual.

ops! Sofia chorando. Vamos à interpretação.
(pausa)

Voltei!
troca Fralda , banho, limpa umbigo, veste roupa, mamando...
Não há como não entender quando o que se quer é satisfazer.
Estou pronto filha! Foi me dado autoridade (capacidade para satisfazer fisica, emocional e espiritualmente).

An? O que? Espera filha... essa é nova...

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quinta-feira, 11 de março de 2010

desCONTRAÇÕES...

"tou sentindo contrações..."; "acho que vai ser hoje..."
Assim começou nossa tarde de domingo. Resultado? As 17 horas as contrações estavam em um intervalo de 10 minutos. As 19h diminuiu para 8 minutos.
O que fazer? Correr para o hospital?
Que nada! Depois do culto na tenda (abertura da Série Familia - sujestivo) que tal um esfirraria para celebrar a chegada iminente? Então que venha a esfirra de peperone.
A cada esfirra uma contração, a depois de cada contração uma descontração na presença de amigos queridos: Lalo e Mimi - com Maressa e Mel, Flokito e Raquel e ainda Tainá e Clarissa.
As 21:30 seguimos para casa. As 22h elas estavam ritmadas e mais agudas a cada 5 minutos.
"Dra, estão de 5 em 5 minutos. Devemos seguir para o Hospital?"
A convocação da doutora gerou um frio na barriga, um senso de transmita calma, segurança... Arruma, pega, leva, PARA TUDO... me juntava a Samira em cada momento de dor. Ela me apertava, gemia, se contorcia.
23h saímos de casa em direção ao hospital pela rota já gravada: BR, Aguanambi, D. Manuel, Santos Dumont, João Cordeiro, Costa Barros 833: Hospital Curam Dars. Ufa! Ainda bem que era noite e não tinha trânsito, mas a casa contração Samira pedia para parar, pois os buracos de fortaleza pioravam a dor. Vejam só! Até nisso interfere os buracos de Fortaleza.
Depois de gritos, chutes, e "não vou aguentar" chegamos ao Hospital, onde a nossa espera estava a Dra Emília.
Ela logo subiu com a Samira e disse que eu não poderia entrar na sala de preparação. Puxa! Isso foi muito ruim. Me senti sendo privado de fazer meu papel. Isso ficou pior quando do corredor escutava os gritos da Samira. Foi angustiante. Liguei para médica; reclamei; chamei infermeira... acho que dei mais trabalho que a o trabalho de parto - kkkk. Mas quando o assunto é proteger minha família, acho que esqueço um pouco o bom senso.
Enquanto esperava, meu presente amigo Wladson (Lalo) me acompanhava e tentava driblar minha angústia. "Em todo o tempo ama o amigo e para a hora da angústia nasce o irmão" Pv 17:17. Esse irmão já tinha nascido em angústias passadas.
Enfim abriram a porta e chamaram o senhor Jones. "Sou Eu... Sou eu!"; "Posso entrar?" Com uma cara de "agora pode" a enfermeira me leva para o trocar a roupa e entrar na sala de parto.
Quando entro já encontro a Samira em meio ao esforço para o nascimento da Sofia. Espera aí! Parto normal? Como assim? Ela chegou aqui dizendo que não iria aguentar!? Quando me aproximei dela perguntei: "Você quer normal mesmo?" ao que ela respondeu botando uma enorme força. Nesse momento percebi que eu seria apenas um espectador. Não sei o quanto minha presença ali fez diferença direta pra ela. Minha percepção era que o lance era dela ao que me contentei em torcer, orar, tremer, prender a respiraçao junto com ela, fazer força como quem quer dizer "agora é minha vez". Tadinho de mim... aquele era o momento dela, o ápice da força do sexo frágil. Ali percebi que a única fragilidade era a minha, pois a maior grafigilidade não é de quem não consegue, mas de quem nada pode fazer.
E foi um momento sublime. Como já disse a ela: estou ainda mais fã dela. Fiquei ainda mais devoto de sua garra, disposição e compromisso em fazer o que deve ser feito. Em mais uma vez fica evidente a satisfação do "sim" que declarei no dia 15 de novembro de 2005 (dia do nosso casamento).
Depois de duas horas de muito esforço, a contração dar espaço a descontração e então vejo surgir uma cabecinha cabeluda e num piscar de olhos surgem 50 cm de pessoa com seus 3,140 kg. Mágico, emocionante, desconcertante, divino... o coração dispara no ritmo do choro estridente que faz os olhos encharcarem rapidamente.
O mundo para, a mente oscila: É ela... sou eu... minha filha... seu pai... sou pai...